foto Simone Mattos - reunião final na EM Paula Buarque
O Projeto ESCOLA DA PAZ, trabalhando o conceito de CIDADANIA ESCOLAR, visa a resgatar a autoridade dos pais, o respeito à escola e o senso de protagonismo dos alunos, que passa por obediência e compromisso. Saiba como funciona no Caderno de Apresentação e Orientações, em link na coluna à direita. - - : denilsoncdearaujo@gmail.com
O PROJETO ESCOLA DA PAZ, POR MIM CRIADO, E NO QUAL ATUAVA EM REPRESENTAÇÃO DA VARA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE DE PETRÓPOLIS, FOI ENCERRADO.SE VOCÊ O ESTÁ CONHECENDO NESTA VISITA, FIQUE À VONTADE E VISITE O BLOG. HÁ MUITA COISA QUE PODE SER ÚTIL A VOCÊ, À SUA FAMÍLIA E À SUA ESCOLA. FOI UMA AVENTURA MUITO LINDA. COMPROVE.ESTAMOS REPENSANDO UM OUTRO MODELO A SER IMPLANTANDO, COM PARCERIA DA OSCIP "REVIVAS".POR ORA, SE DESEJAR ACOMPANHAR AS MINHAS ATIVIDADES E PALESTRAS, VÁ AO MEU BLOG PESSOAL: http://denilsoncdearaujo.blogspot.com/Obrigado! DenIlson Cardoso de Araújo.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

SOBRE AS MANIFESTAÇÕES DESTA SEGUNDA - SUBIU-SE UM DEGRAU!

Denilson Cardoso de Araújo

HOJE, TENHO QUE ADMITIR, E O FAÇO COM MUITA ESPERANÇA E ALEGRIA, que esse movimento difuso e confuso, começado por conta dos aumentos de ônibus SUBIU UM DEGRAU RELEVANTE. E, a continuar assim, pode merecer, realmente, entrar de forma digna e significativa na história do país.

CONTINUA UMA COISA PLURAL, no sentido fraco, ou seja, pauta aberta, de pontos mil, nem sempre interligados por discurso coerente. Uma espécie de mobilização da ira coletiva e inconsciente, tipo a que ocorreu no filme “Rede de Intrigas”, em que o personagem – um âncora de TV – surta no ar e pede a quem o assiste que vá à janela da sua casa e grite seu inconformismo. Vira uma gritaria que enche a cidade. Temos hoje mobilização desse tipo, difusa.

HÁ OS CONSCIENTES, que querem dar organicidade a esse movimento, e que – é preciso realçar – por mais que se esforcem para despersonalizar ou para impedir alguma forma de organização que espelhe um comando, que dê cara ao movimento, disso não escapará. Há os que são mesmo contra o aumento de ônibus. Há os que ampliam esse debate e protestam contra o transporte público, em geral. Há os que são contra a corrupção, o mensalão e os mensalinhos. Há os que são contra a iniciativa governamental de reduzir o poder de investigação do Ministério Público. Há os que são contra os gastos da Copa do Mundo. Há todos que realçam a precariedade dos serviços de saúde e educação. Há os que reservam palavras de ordem contra a Presidente e contra seu partido. Há os que lutam por moradia. Há de tudo.

NO FUNDO, DISCUTE-SE UM MODELO. O sistema capitalista, especialmente no molde periférico e neoliberal aqui praticado com chancela petista, é que – salve salve – se demonstra em xeque, em nova e nítida crise. Talvez a maioria dos militantes ainda não perceba de que é disso que se trata. Mas como pensar em melhorar a saúde sem atacar a sua privatização? Como pensar em passagem de ônibus barata ou gratuita, como quer o Movimento Passe Livre, sem atacar os lucros dos empresários, sempre corruptamente emparceirados com setores dos governos? Como pensar em melhorar a educação pública, sem atacar a privatização do ensino e o abandono das escolas públicas?

DAÍ SURGIRÃO AS CONTRADIÇÕES, porque, sim, ainda me parece um movimento primordialmente de classe média. E a classe média não tende a combater de verdade o capitalismo. Mas manifesta-se a classe média, porque o Partido dos Trabalhadores, no radical processo de rasgar seu antigo Programa, desde a Carta aos Brasileiros (assinada por Lula, Palocci e Dirceu), preferiu deixar intocada a grande empresa e a grande fortuna, para realizar repartição de renda a partir do empobrecimento das camadas médias da população. Deu algo a quem nada tinha, tirando algo de quem tinha um pouco, e não mexeu com quem tinha demais. Os segmentos médios (profissionais liberais, funcionários públicos, pequenos empresários) foram constantemente desconsiderados, quando não, violentamente atacado pelos governos petistas.

CLARO QUE HÁ O FATOR BOLSA FAMÍLIA. E, lógico, isso ainda dará lastro para as aventuras eleitorais petistas. Mas o fato é que a vaia a Dilma na abertura da Copa das Confederações, somada às manifestações grandiosas do dia de hoje, fizeram uma grave fissura na estrutura de intocabilidade que dava essa arrogância de infalibilidade aos papas do petismo. Periga ocorrer de os estrategistas do Partido encaminharem o discurso do medo: medo da perda do Bolsa Família, essas coisas. O que, além de ser mentira, será péssimo, porque poderá rachar o país, ressuscitando modos de campanha ricos x pobres, espertezas de triste memória.

MILITANTES PETISTAS, ONTEM, SE QUEIXAVAM PERPLEXOS, dessa explosão de revolta que as ruas acolheram. Indignaram-se com as vaias a Dilma. Muitos disseram que esses jovens não conheceram o período pré-Lula, em que a inflação era descontrolada, atribuindo a inflação baixa ao petismo, o que, todos deviam saber, é rematada mentira. Mas revela-se a falta de argumentos da militância que não percebeu que o partido efetivamente não realizou as mudanças a que se propunha quando surgiu e estabeleceu sua trajetória digna... que se perdeu quando deixou de lado um plano de transformação do país, para acolher um plano de busca e manutenção do poder.

MAS HÁ MAIS A SAUDAR NO DIA DE HOJE. As manifestações, a crer nas imagens da TV, tornaram-se hoje uma coisa plural também no sentido positivo. Às lideranças juvenis e a massa de jovens, somaram-se famílias, senhoras e senhores. Tudo indica que a prudência comandou as ações dos comandos, e que estabeleceu-se, minimamente uma hierarquia, comissões de articulação e negociação. Houve humildade das lideranças, que ouviram alguém mais experiente. Alguma inteligência se estabeleceu nas articulações. Ingenuidades equívocas, como aquela coisa de enrolarem-se na bandeira brasileira porque supostamente isso impediria a repressão, foram abandonadas. Isso resultou em manifestações impressionantes, controladas e pacíficas, no geral Os pequenos incidentes, as insurgências de um ou outro apedrejador aqui e ali não macularam o todo.

POIS BEM. COMANDOS IDENTIFICADOS, SURGE A POSSIBILIDADE NEGOCIAL. E parece que a polícia assim reconhecendo, fez o correto. Além de encostar as balas de borracha, procurou tais lideranças e essas foram respeitadas, tivessem elas 16, 23, ou 40 anos. Os dois lados, nesta semana, parecem ter isolado seus radicais, e, com isso, um ganho democrático se estabeleceu. Lembro que, sempre que ajudei mobilizações de jovens, fiz questão de ensinar o que aprendi muito cedo. Todo movimento tem que ter sua própria segurança interna, para impedir ou evitar os transtornos, os infiltrados, tudo que pode denegrir o movimento e desviá-lo de seus focos.

ENFIM, EU – E QUEM OUVE MINHAS PALESTRAS SABE – QUE SEMPRE CRITICO A FALTA DE PROPOSTAS, DE ENGAJAMENTO E DE SERIEDADE DESTA GERAÇÃO, hoje enxerguei uma bela lamparina no fim do túnel. Um muro que confinava esta “geração de idiotas” foi rompido por todos aqueles jovens que parecem não desejar mais ficar à mercê das manipulações do mercado e do imediatismo à que sua geração foi entregue. Se demonstraram superiores à idiotia geral. Pode ser isso o começo de uma geração de vitoriosos. Que essa lamparina vire auroras, é o que sinceramente desejo.

SEI QUE HAVERÁ AGORA ENCRUZILHADAS. O movimento difuso periga até se dividir, exatamente pela aparente falta de liderança coesa e com pauta determinada. Mas o dia de hoje já está dado. Escrevo enquanto ainda ocorrem escaramuças menores, aqui e ali. Mas no saldo geral parece que as manifestações foram vitoriosas, no sentido de conquistarem as ruas, conquistarem simpatia, isolarem os radicais irresponsáveis e realizarem a cidadania.

FOI O BATISMO “DE FOGO” DE MUITOS JOVENS QUE ACORDARAM PARA A MILITÂNCIA. Que não parem por aqui. Que sejam guerreiros do bem. Que combatam, em seus próprios pares de idade, esse oba oba de balada, sexismo barato e rave que vem destruindo uma geração. Que chamem às falas seus companheiros de geração, dizendo: “temos um país a construir!”. Que aprendam a força da organização e do debate prévio à manifestação. Que provem que a internet pode ser efetivamente uma força de reflexão, e um facilitador de mobilização, mas que jamais esqueçam a importância da presença física entre companheiros que debatem, se integram e interagem. Sim, porque o degrau subido hoje só foi possível depois de uma semana atribulada, de um movimento confuso e difuso, que perigava naufragar em seus erros e contradições imediatas. A presença física nas ruas, gente que nas ruas se viu e se reuniu pela primeira vez, permitiu alguma organicidade que encaminhou o que hoje foi bem sucedido.

AOS MEUS QUERIDOS ADOLESCENTES, AOS QUAIS SEMPRE COBREI POSTURA E REALIZAÇÕES, espero que especialmente o dia de hoje fique como marco. VOCÊS PODEM REALIZAR! Vocês podem mudar a realidade! Vocês podem ser vitoriosos!

MAS LEMBRO AOS AGENTES DA CIDADANIA ESCOLAR, AOS QUE FORAM CONSELHEIROS JUVENIS, a todos os quase 40.000 pessoas que vêm somando as grandes plateias que já tiveram acesso ao Projeto Escola da Paz: é necessário usar esse lastro de energia positiva que essa geração começa a conquistar, para transformar nossas escolas em locais de paz, harmonia e realizações. A construção do respeito mútuo, do fim do bullying, do respeito ao professor, do respeito aos pais, da organização de associações estudantis, devem ser as prioridades. Não há ato mais cívico e heroico do que recuperar nossas escolas por dentro. Assim melhor se lutará por educação de qualidade.

HAVERÁ QUEM QUEIRA MANIPULAR O LASTRO POSITIVO OBTIDO NO DIA DE HOJE para reivindicações rasteiras e imediatistas, eleitoreiras, inclusive. Enxerguem mais longe, jovens! Façam as transformações de fundo. Organizem-se! Debatam! Mudem sua casa, sua escola, sua rua, seu bairro! Quando essas transformações pela base acontecem, aí sim, essa geração poderá se inscrever com orgulho no rol definitivo dos vitoriosos!

AO PESSOAL DO ESCOLA DA PAZ, não esqueçamos que um dia programamos realizar uma grande e bela caminhada pela paz nas escolas, com as Escolas da Paz. Quem sabe não está chegando a hora de partir do sonho à prática?

O DIA NÃO ACABOU, as próprias manifestações seguem e torço muito para o que o dia acabe muito bem, para que não se perca nem uma goa dos sucessos alcançados. Aliás, caros jovens, não esqueçam que há que se organizar também a DISPERSÃO. O fato de essas caminhas não terem clímax nítido (um comício, uma negociação, algo assim) pode deixar sempre a impressão de que existe algo a ser feito e dar margem a iniciativas individuais ou de grupelhos irresponsáveis.

MAS ACHO QUE O BRASIL HOJE DORME um pouco ingênuo ainda, algo desorganizado ainda, mas viçoso de esperança, porque colhe a flor da luta. E isso é muito. Dormiremos melhor.
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