foto Simone Mattos - reunião final na EM Paula Buarque
O Projeto ESCOLA DA PAZ, trabalhando o conceito de CIDADANIA ESCOLAR, visa a resgatar a autoridade dos pais, o respeito à escola e o senso de protagonismo dos alunos, que passa por obediência e compromisso. Saiba como funciona no Caderno de Apresentação e Orientações, em link na coluna à direita. - - : denilsoncdearaujo@gmail.com
O PROJETO ESCOLA DA PAZ, POR MIM CRIADO, E NO QUAL ATUAVA EM REPRESENTAÇÃO DA VARA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE DE PETRÓPOLIS, FOI ENCERRADO.SE VOCÊ O ESTÁ CONHECENDO NESTA VISITA, FIQUE À VONTADE E VISITE O BLOG. HÁ MUITA COISA QUE PODE SER ÚTIL A VOCÊ, À SUA FAMÍLIA E À SUA ESCOLA. FOI UMA AVENTURA MUITO LINDA. COMPROVE.ESTAMOS REPENSANDO UM OUTRO MODELO A SER IMPLANTANDO, COM PARCERIA DA OSCIP "REVIVAS".POR ORA, SE DESEJAR ACOMPANHAR AS MINHAS ATIVIDADES E PALESTRAS, VÁ AO MEU BLOG PESSOAL: http://denilsoncdearaujo.blogspot.com/Obrigado! DenIlson Cardoso de Araújo.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

NO DO PROFESSOR, É REFRESCO

Denilson Cardoso de Araújo
 
Professor preguiçoso, culpado, incompetente, resiste a mudanças. Tem mais é que se ferrar. E o outro discurso. Professor vítima, injustiçado, salário de fome. Professor, sofrimento. Sala de aula, antessala do docente doente. Tarja preta com camomila. Ouço, das profundezas, voz rasa, hei de vencer mesmo sendo... Professor. Ah, que pena, sonho, foi-se o clássico plástico de carro com a frase bonita, bordão da motivação que faliu. Discurso a mais. Professor é missão. Privilégio-magistério. Ministério. Sacerdócio. Por isso, precisamos exigir seja o professor monge trapista? Missão é profissão! Tratar profissionalmente esse missionário pode conceder salvação. Mas não. Do discurso à realidade. Aluno apedreja, a família cospe. A cara do docente. Alunos riscam prego na lataria do carro que, a custo, o professor alcançou. Professor tinha de alunos honras e láureas. Hoje, facebook da maledicência. Irresponsáveis impunes em deboches gratuitos e ódios dos vis. Ai do professor que reclama! Direções, secretarias, impõem abafas, esquecimentos, acordos ruins. Que se arranje, o professor, na sua dor.
 
 Professor, que ensina combate do bullying, é vítima de bullying. Um pranteou no meu ombro. Pensara matar-se. Deprimidos, estão. Querem ficar em casa. Mas não. Vão. E recebem nas salas alunos que estão nem aí, filhos de pais que jamais estiveram. Professores, desafiados por mídias que desmentem o correto educar. Alguns combatem a febril pornografia funkeira. Dá gravidezes meninas. Mas Regina Casé faz louvação dessa praga.
 
Empurram parafusos goela abaixo do professor. Que tenha estômago de aço, máquina de conteúdos, cofre de temas transversais. Torturas sofisticadas. Ensinar quem não quer aprender, em cautelas de jamais repreender, pruridos de reprovar, produtividades a preencher, famílias a agradar... Missão impossível. Crie-se Professor Universal, ao molde do Soldado Universal da ficção bem Van Damme. Um robô.
 
Docente tem que ser surdo. Para jamais escutar ofensas que em desprezo debochado alunos lhe cospem, veneno entre dentes. Aprender defesa pessoal. Nesse mundo tatame, afinal, alunos rolam mestres no chão, para arrancar-lhes das mãos notas vexame que acham injustas. Alunos que jamais abriram caderno! Pensam que aprovação é capim, dispensa cultivos. Que professor é empregadinho de aluno.
 
Daí precisar, o professor, de guindaste moral pra levantar a deprimida alma da cama e metê-la no corpo moído que arrasta até aos portões da escola para encarcerar-se ao centro da tribo. Canibal. Geração de vampiros Crepúsculo. Gostam de sangue de professor. Por isso, professor, hay que endurecerse, pero sin jamás perder la ternura! Mas, Che, ninguém se enternece pelo mestre em sua vida indigesta. De pedra, o seu feijão; querosene, seu leite. Daí, lutas fundadas no desespero. Disseram que greve resolve, mas greves vêm e vão, aves de arribação. Com durações bíblicas. Uma greve Matusalém, cem anos parados, talvez desse jeito. Porque professor faz greve e ninguém liga. Fica lá, a escola parada, a greve corroendo por dentro, gastrite roendo mucosas do movimento. Enquanto jornais entrevistam pais revoltados, não pela educação doente, mas pela falta de tomadores de conta dos filhos. E governos abrem salões de veludos para FIFA e empresários. Aos professores, nem banqueta na sala de espera. Aguardem na chuva. Não ousem sentar-se. Se guarda-chuva trouxeram, que os recolham. Professor merece encharcar-se. 
 
Mas professor japonês merece imperial reverência, porque sem professor, imperador não haveria. Mestre de imperadores, cada professor, assim poderia. Aluno, antigamente, ficava em pé para honrá-lo. Hoje, cospem no professor de joelhos. Professor, base da educação, que é base da cidadania, que é base do Estado Democrático de Direito. De joelhos, então, aí está, o próprio Brasil, esse país faz-de-conta.
 
Um dia, o professor em crise, vê no espelho as olheiras do enxugamento de gelo, ouve os gritos vomitados em seus ouvidos, de vilão do sistema, e os elogios hipócritas, de máximo herói desta nossa raça precária. Um dia, acorda e resolve sair para realizar sua aurora, a esperança da necessária e merecida mudança. Reúnem-se. Chamas da fraternidade se acendem. O professor vota sua luta, se devota nas trilhas da batalha mais justa. Ousa nas praças. Arrasta na avenida a desgraça e o sonho da sua superação. O Estado, o que diz? Polícia neles! Gás de pimenta! Em olho do professor é refresco para os olhos vitrais dos moucos palácios. Isso tem que acabar. Ou se acaba o Brasil.
 
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publicado originalmente em http://denilsoncdearaujo.blogspot.com.br/
 

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