foto Simone Mattos - reunião final na EM Paula Buarque
O Projeto ESCOLA DA PAZ, trabalhando o conceito de CIDADANIA ESCOLAR, visa a resgatar a autoridade dos pais, o respeito à escola e o senso de protagonismo dos alunos, que passa por obediência e compromisso. Saiba como funciona no Caderno de Apresentação e Orientações, em link na coluna à direita. - - : denilsoncdearaujo@gmail.com
O PROJETO ESCOLA DA PAZ, POR MIM CRIADO, E NO QUAL ATUAVA EM REPRESENTAÇÃO DA VARA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE DE PETRÓPOLIS, FOI ENCERRADO.SE VOCÊ O ESTÁ CONHECENDO NESTA VISITA, FIQUE À VONTADE E VISITE O BLOG. HÁ MUITA COISA QUE PODE SER ÚTIL A VOCÊ, À SUA FAMÍLIA E À SUA ESCOLA. FOI UMA AVENTURA MUITO LINDA. COMPROVE.ESTAMOS REPENSANDO UM OUTRO MODELO A SER IMPLANTANDO, COM PARCERIA DA OSCIP "REVIVAS".POR ORA, SE DESEJAR ACOMPANHAR AS MINHAS ATIVIDADES E PALESTRAS, VÁ AO MEU BLOG PESSOAL: http://denilsoncdearaujo.blogspot.com/Obrigado! DenIlson Cardoso de Araújo.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

QUE MEU FILHO NÃO PASSE POR ISSO

Denilson Cardoso de Araújo

Para concisão de título, resumi a frase costumeira, que diz: “não queria que meu filho passasse o que eu passei”. Não é frase má, em si. Afinal, quem passou fomes, pestes, desabrigos, tragédias, têm muita razão de buscar a prática da protetora prudência que a frase anuncia. Evitar que filhos percorram vales da sombra da morte é parte das tarefas parentais.

O problema se dá quando a conjugação de uma pedagogia de amor meloso, conjugada com leitura insana dos direitos infantojuvenis, e estimulada por uma mídia que sequestra proles para descaminhos de sexualidade animal, culto aos desejos, relaxamento de autoridade, leva pais a pronunciarem essa frase se referindo não à tragédia, mas sim aos pequenos dramas corriqueiros, necessários à constituição do ser.

Em palestras para pais faço sempre a ressalva importante. Trate bem o seu filho, pai! Cuide bem sua prole, mãe! Se puder, evite que tenha que dormir no chão ou sob goteiras. Se puder, evite que tenha que comer pedra. Impeça que tenha que rasgar-se em deslizamentos. Impeça os sofreres cruéis. Mas, pai querido! Mãe amada! Jamais retire as pedras inerentes ao caminho que teu filho escolheu, ou as corriqueiras rochas que a vida a todos reserva! Quem não aprende a pisar rochedos, não encoura o pé. Quem nunca tropeça, não aprende a cair. Quem jamais padeceu quedas, jamais aprenderá a dignidade de levantar-se e começar de novo.

Temos pais e mães que, na ânsia de “fazer bem” aos filhos, cometem homeopáticos assassinatos da sua personalidade. São pais e mães que andam de chinelos para que o filho use tênis de marca. Que fazem prestações impossíveis para que o filho tenha o tablet que, chantageou ele, “todo mundo tem”. Os que se esfalfam de trabalhar para custear ao filho aulas de teatro, sapateado, origami, kumon e javanês. Um dia, chega a mãe em casa e pergunta, quem é mesmo este rapaz, desconhecendo aquele que saiu de seu ventre.

Filhos criados sem qualquer dificuldade se tornam reis da cocada preta sem merecimentos. Nobrezas sem lastro. Príncipes do nada. Gastadores irresponsáveis. Debulharão eventual fortuna ou economia familiar, como quem atira milho ao galinheiro, porque jamais conheceram a dor das mãos no cavoucar lavoura ou o corte na pele ao colher espigas. A miséria será sombra desse filho frouxo que jamais viu peso nos ombros.

Costumo bradar aos pais com muita ênfase... Qual o problema? Ah, você teve que andar à pé pro trabalho porque faltou dinheiro pro ônibus? Teve que usar sapato furado, forrando o fundo com jornal? Teve que lavar roupa de tarde pra usar no outro dia de manhã, porque o guarda-roupa era escasso? Teve que comer sopa de folhagens ralas do próprio acanhado quintal porque não houve dinheiro pra feira? Quando jovem teve que trabalhar quando todos os colegas iam passear depois da escola? Passou tempos de uma só refeição por dia? Sim, e daí, meu amigo? Você não está aqui, lúcido, digno, ouvindo essa palestra, vestido, alimentado, com trabalho, criou filhos, os trouxe à escola? Por mais que ainda lhe seja difícil a vida, não obteve você vitórias sobre aquelas dificuldades? Então! Não foi a facilidade que te trouxe aqui, que te vestiu e pôs comida na sua mesa! Foi a dificuldade! Ela é que nos constrói! Orgulhe-se, pai, orgulhe-se mãe, das dificuldades vencidas, que te fizeram pessoa mais valorosa!

Portanto, não queira filho faminto ou tuberculoso. Lute contra a miséria, mas queira um filho que de vez em quando, se você tem carro, vai ter que andar de ônibus pra saber o que é sofrer transporte público ruim! Que vai ter que, de vez em quando, mesmo que você tenha dinheiro pra dar, ficar sem dinheiro para o ônibus, para aprender com quem caminha até ao trabalho, como é esse lidar. Um filho que nas férias, ao invés de ficar na rua soltando pipa o dia inteiro, ou de ir à Disney abraçar o Mickey, vai trabalhar para ajudar as finanças da família. Serão mais fortes filhos que não ganharão carros bacanas apenas porque passaram na faculdade. Serão melhores adultos as crianças que não terão celulares desnecessários, precoces elementos de frívolo status exibicionista.

O caráter precisa exercitar a musculatura. A academia do caráter é a dificuldade. Que não se queira para os filhos a penúria perene é correto, saudável e necessário. Mas, assim como a águia atira fora do ninho, ao susto da queda, os filhotes que hesitam em sair para aprender a voar, melhores seres humanos serão filhos de pais que, não só não os cobrem de requintes e facilidades, como ainda os brindam com a escola da dificuldade controlada.

Todo mundo deve recordar que o assassino de Isabela Nardoni, após atirar a filha pela janela, correu a chamar o pai para desatar o hediondo nó que amarrara. Típico do “filhinho de papai” que passou a vida tendo quem lhe abrisse portas, desobstruísse caminhos, aplainasse a estrada. Agora sim, repita comigo: Que meu filho não passe por isso!

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