Denilson
Cardoso de Araújo
Reza
a lenda que favorecimentos eram obtidos pelas nossas forças
militares na recorrência ao fantasma oferecido qual iminente ameaça:
a guerra com a Argentina. Caducou o método. Mesmo que alguém pense
vingar 1978, quando a AFA teria comprado dos peruanos dócil defesa e
goleiro de manteiga para a goleada que excluiu o Brasil da Copa.
Crack por craque, acho que ninguém mais pode invocar o argumento,
nem por fins nobres como dar fim pelas armas à polêmica Maradona x
Pelé. Hermanos somos, afinal.
Mas
sombra de inimigo externo justifica absurdos. Diversionismo, que a
própria Argentina usou, na ditadura que apodrecia. Uniu o país em
luta pelas Malvinas, imolando jovens, no esticar a moribunda
existência do mandonismo militar. Deu errado. Inimigo mal escolhido.
A Inglaterra de poderosa Armada e Dama de Ferro evaporou a fumaça da
cortina e a ditadura caiu.
Cortinas
de fumaça são tática velha. Rolos de negra fumaça podem criar no
adversário urgências sobre alvo falso. Facilitam ataque sobre
objetivo realmente desejado, e acobertam manobras de tropa. Cortina
de fumaça esconde algo. Sempre. A recorrente proposta de antecipação
da idade de maioridade penal é cortina de fumaça. O que se pretende
esconder?
Em
primeiro lugar, a viciada compreensão que temos do Estatuto da
Criança e do Adolescente. Repito pela milionésima vez. O ECA deve
ser lido como lei de cidadania. Menores de idade têm obrigações
legais, como todo mundo, perante o Código Penal, o Código Civil, a
Lei Maria da Penha, o Estatuto do Idoso, a Constituição Federal,
etc etc e etc. Dentre as obrigações legais de menores de idade está
corresponder ao que o art. 1.634 do Código Civil determina aos
pais: “dirigir a educação dos filhos e deles exigir respeito,
obediência e serviços inerentes à sua condição”. Este item da
lei é cotidianamente violado. O governo não o propaga, a mídia não
o divulga. Pais não o praticam. O que dá crianças abusadas e
jovens sem controle. Restituam a autoridade dos pais e não será
preciso enjaular crianças.
Em
segundo lugar, temos homicida sistema de informação e mídia que
ajuda a desprezar idosos, infantilizar adultos, decepar a disciplina
familiar, acuar escolas, desvalorizar professores, e extirpar a
posição hierárquica do adulto na sociedade. Dá-se ao “jovem”
gelatinoso do mundo neoliberal ascendência desproporcional e
ruinosa: criança e jovem tudo podem, adultos obedecem. É discurso
sorrateiro, que diz prezar diálogo e democracia, mas que mascara o
caos e impõe idiotização e mediocridade.
Em
terceiro lugar, o mesmo sistema põe mulheres-cachorra e periguetes
nas novelas, como modelos para crianças, ao som do pedófilo funk
carioca. Resulta em crianças fisgadas pela libido, este fundamental
impulso de todo vivente. Antecipam ao desenvolvimento do senso
crítico e da capacidade de refreamento de impulsos de risco, o cio
que cedo as põe priorizando o prazer hedonista, em vez da
solidariedade. Logo, gravidezes precoces. Daí, filhos de mães de 11
anos. Entregues a sacrificadas avós, rumarão celeremente ao círculo
vicioso da anunciada desgraça.
Em
quarto lugar, o Estado em conflito com a lei, que descumpre o ECA.
Órgãos de fiscalização não cerceiam a criminosa venda de bebidas
para menores de idade. A educação pública é precária e faz linha
de produção que abandona os dissidentes. Saúde, calamidade sem
fim. O atendimento psicossocial é nada, frente à demanda. Não há
leitos para dependentes químicos que precisam de tratamento. Apenas
o ridículo número de 100 Varas da Infância para mais de 5.000
municípios. Conselhos Tutelares operando sem estrutura e
capacitação. Jovens infratores abandonados à própria sorte em
depósitos de maltrapilhos, sem as devidas terapêutica, escola e
profissionalização.
Em
quinto lugar, oculta-se que o ECA - que responsabiliza, sim, o
infrator e não só por 03 anos, como se propaga – mesmo com tantos
óbices, graças à abnegação de muitos, ainda alcança índice
excelente de recuperação de jovens, no confronto com o Código
Penal. Não é o menor de idade o responsável pela criminalidade num
país de colarinhos brancos impunes. Revelou Eliane Brum, no
excelente “Pela Ampliação da Maioridade Moral”, que crianças e
adolescentes são, em verdade, as maiores vítimas de crimes. O
número de ilícitos de que são autores são ínfimos no total da
criminalidade. Apenas 0,09% dos adolescentes são infratores. E, ao
contrário da fumaça alarmista que as TVs põe nessas cortinas, os
crimes violentos de autoria adolescente sofreram queda expressiva.
E,
por último... somos país que juntou seus miseráveis debaixo da
lona podre da sociedade injusta, os adestrou em abismos e ateou fogo
ao circo. Agora correm, crianças e adolescentes, tochas humanas, por
aí. A fumaça da cortina sai de seus corpos! Espalham brasas,
incomodam, queimam sedas da elite, cheiram a carvão, atrapalham a
paisagem, são má propaganda em país de Maracanã lindo e saúde de
chiqueiro. São holocaustos da nossa incompetência. E atribuímos a
eles a culpa da desgraça! É covardia. Penal. E moral.
*.*
*charge de Latuff
Pessoal do Escola da Paz: - É MUITO IMPORTANTE que todo mundo que já pegou alguma consciência durante o Projeto avance um pouco mais e perceba como as coisas estão complicadas.
Leia este texto, divulgue, compartilhe. Vão rebaixar a maioridade penal, o que é violência desnecessária e um erro grave.
Vocês, jovens, precisam parar de ficar de passageiros nesse barco que vai afundar!
Tem outros texto meu, mais completo sobre o assunto, que vc pode acessar, busque no meu blog http://denilsoncdearaujo.blogspot.com.br/ ou no google pelo nome "Maioridade Penal, uma questão ética" e "Pequeno Conto à Guisa de Introdução ao Tema da Maioridade Penal".
Informe-se. Reflita. Aprenda. Compartilhe. Divulgue! Lute!
Pessoal do Escola da Paz: - É MUITO IMPORTANTE que todo mundo que já pegou alguma consciência durante o Projeto avance um pouco mais e perceba como as coisas estão complicadas.
Leia este texto, divulgue, compartilhe. Vão rebaixar a maioridade penal, o que é violência desnecessária e um erro grave.
Vocês, jovens, precisam parar de ficar de passageiros nesse barco que vai afundar!
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